o Carnaval, o Carnaval, o Carnaval….

( Fevereiro de 2015 )

Com todo o respeito a toda cultura envolvida, sei que é parte de nossa identidade , de nossa essência como povo, o lado “bufo”, irreverente e alegre da Terra Brasilis, mas eu não suporto mais o Carnaval. Um dia, gostei. Não tenho mais saco nem pra ver…

( 16 de Fevereiro de 2015)

Gostar ou não de carnaval não tem nada a ver com a idade !

Acho legal a celebração da vida, de se estar vivo.
Celebrarmos que temos saúde, por exemplo, já é uma Mega Sena na vida de cada um de nós…
Os “bacantes” são também uma forma de rito, e o Brasil se parece com a Índia em muitos aspectos do colorido, da alegria, do lúdico primordial, não tem nenhum problema em se gostar de Carnaval …
Eu curti muito, inclusive tive a honra de sair pelo Salgueiro, na Ala dos Compositores, uma experiencia indescritível até porque a gente ganhou naquele ano…
Me lembro também dos carnavais de criança, no interior , ou na praia, os corsos, os clubes, sempre uma alegria genuína…
Na Bahia, em Pernambuco, tive ótimos momentos de carnavais, o coletivo sempre nos contagia com uma força muito grande.
Mas não sei não, ando meio ressabiado com essa combinação do “espirito bufo” da Terra Brasilis com uma sensação permanente de fracasso de nossa Pátria, uma esculhambação interior de ser parte de uma terra tão atrapalhada, que nunca deslancha. O Carnaval me soa uma muleta espiritual para preencher uma grande lacuna que existe no Brasil, enquanto Pàtria.
Parecemos deserdados, desterrados numa “alegre” nação triste.
É só isso. Vontade de que muita coisa mude.
Mas fica sempre, tudo, só pra “depois do Carnaval”…

No mais, bom carnaval para todos !
Não estou aqui pra julgar ninguém, e nem fazer pouco de nossos costumes tão controvertidos…

( 15 de fevereiro de 2015 )

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Pra quem acha que ter “senso crítico” é ficar “chato e ranzinza”, devo acrescentar que uma coisa muito positiva e incrível que aconteceu recentemente foi o reavivamento dos BLOCOS lá no nosso queridíssimo Rio de Janeiro.
Assistimos a isso com muita alegria, uma alegria legítima, é a cara do Rio, é a cara do Brasil que não se extingue, e que resiste…
Reação ao Carnaval segmentado em castas, à segregação e exclusão de uma sociedade mergulhada na “camarotização” – ( hoje este termo vem sendo consagrado nas análises comportamentais ) – Blocos irreverentes e democráticos, sempre trazendo uma forte “pitada” de crítica e mordacidade social e política.
Esse é um lado salutar do “furdunço” brasileiro : o deboche também é uma forma de responder à realidade perversa.
Aliás, no teatro existe o Drama e a Comédia : muitas vezes é pelo riso que se proferem as mais lancinantes críticas na sociedade, vide Voltaire …
Daí a minha enorme simpatia pelo sucesso dos Blocos do Rio.

( 16 de Fevereiro de 2013 )

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O Brasil não é para principiantes, já cravava o Tom Jobim a celebre frase, que de tão sagaz foi incorporada em milhares de reflexões, teses, livros…

Quem não decifrar o que está por trás do Carnaval jamais entenderá o Brasil , por isso, essa discussão será sempre oportuna.
Os filósofos e sociólogos estão sempre futucando esses veios, na esperança de se compreender melhor do que tudo isto se trata…
Por trás de toda a efusividade de nosso povo, se escondem as mais perversas atrocidades, ou as mais atrozes perversidades , e o Carnaval é uma catarse em forma de ópera bufa.
É interessante perceber como ali ocorrem as mais diversas incorporações culturais, assimilações complexas de camadas dominadas com dominadoras, numa confusão mais organizada do que se pensa….

( 16 de fevereiro de 2015 )

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Peculiares relações entre Arte e Política.

Uma obra de arte, quando bela, magistral, verdadeira, inspirada,
quando traz embutido um contexto histórico, politico, social,
com o passar do tempo pode espelhar a realidade das formas mais surpreendentes.
Esta obra, de uma beleza imorredoura, serve a vários contextos, exatamente pela grandeza de sua lavra poética.
Grande poeta, o Grande Chico !

 

Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai
Se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais

Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
(Vai passar)

Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do bulevar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral
Vai passar

 

( 17 de fevereiro de 2015 )