Redes Sociais Vazias

Cada um tem o seu jeito.
Mas às vezes parece que o restante do mundo tem um jeito só de ser e existir: Redes sociais.
Sobreviver significa ter algum significado nessa nova “pólis” eletronica.
Pior: com essa nova “peste” disseminada, impedindo a normalidade da “polis” tradicional, tudo se moveu ainda mais radicalmente para as redes.
Pathos.
Somos muito, muito criticados pelo nosso modo de ser.
Todo mundo diz que precisamos mudar porque as coisas são como são no mundo e estamos ficando obsoletos com nossa estranheza, que não atende aos requisitos e aos “compliances” da modernidade.
Hoje em dia é dominante um modo de se existir e de se comunicar com essa modernidade.
Somos antigos e muito estranhos, pela nossa desnecessidade de ficarmos conectados angariando views, likes e estabelecendo links e sinapses por toda parte.
É o tempo dos “feats” e meus colegas de profissão, praticamente todos, vivem correndo de cá pra lá, pegando emprestados os grampos alheios no absurdo e falso alpinismo social das redes, em busca dos píncaros de significado: Milhões de views, de likes, como enxames de insetos, como cupinzeiros do Planeta.
Somos alheios a ratos e baratas nos esgotos, nos tubos do metrô.
São milhares de mundos subterrâneos e segmentos de “mercado” , e daí ?
Porque somos assim ?
Estraga-prazeres de um mundo perfeito interligado, somos criticos e achamos tudo engraçado e triste, ao mesmo tempo…
Não encontramos prazer nenhum em aderir ao frenesi de postagens em redes, e raramente nos pegamos falando como zumbis para as camerazinhas do celular.
Não estamos presentes, como “Wallies” eletronicos ( e Onde Está Wally ?) : vemos sim a Espécie Humana feita de 8 bilhões de Wallies que estão por toda parte !
Todos querem falar .E todos falam, e o mundo segue absolutamente indiferente .
Todos a exibirem seus predicados e convicções… um bando de loucos ?
Os ideológicos, com seus risinhos de superioridade , suas piadinhas, seus discursos e arrazoados, todo dia, toda hora, martelando o que pensam ser suas idéias, para suas bolhas inúteis, um saco.
Os vazios, postando seus novos invólucros corporais, suas lacrações e empoderamentos ilusórios.
E todo mundo falando ali, dançando ali, cantando ali, se exibindo ali, gesticulando ali, caras e bocas ali, tudo ali, o mundo voltado para ali, aquela lentezinha miserável de camerazinha embutida num aparelho de transmissão, supondo ali ser uma emissora, para um público ali do outro lado daquela lentezinha miserável.
E muitas vezes o tal publico existe e é consagrador.Que mundo é este ?
Quem é essa gente toda ?
Quem somos nós ?
Onde pretendemos chegar ?
Piada do Universo ?