Em busca do tempo perdido

Um jovem, às vezes nem tão jovem assim…já que a velocidade vai se tornando uma ilusão real…Descrente com qualquer conversa furada de ideologia ou processo social, tem como única certeza o ceticismo…Seu tempo é escasso e fragmentado para a individuação, raramente, ou mesmo jamais, caminha sozinho recolhendo pensamentos e sensações, que ajudem a elaborar uma visão particular… peculiar…  Muito pelo contrário, se vê atirado às ruas fervilhantes das cidades, que a tudo oferecem de feérico, sumariamente coletivo, no hedonismo que visa preencher o vazio interior e o questionamento, com o ruído supostamente “transgressor”, mas que é pura entropia neutralizada e sem significado. Manipulação total de uma mídia dirigida ao esmagamento.Seu tempo é escasso e fragmentado para o silêncio, a leitura, a assimilação de qualquer estudo, nada escreve, nada cria, nada tem de mais profundo ou substancial, que o ajude a promover sua virada face às dificuldades, ou mesmo que argumente algum conteúdo que propicie transformação  efetiva à sua volta, e que dê algum resultado concreto…Cético quanto a qualquer ambição realizadora, entrega-se à negação de qualquer encaixe nas frágeis estruturas oferecidas pelo mundo. Tudo é falso, tudo é enganoso, não há discurso persuasivo que o motive a lutar. Lutar para quê, para quem, por quê, se tudo é ruína e não vai dar em nada.Nos poucos lampejos de criação, motivados por um trago de empolgação qualquer, uma tragada de delírio qualquer, resolve não ir para a festa sensórea das ruas e dar tratos à bola.Liga uma tela eletrônica e tem a tentação da rede para puxar outra vez sua atenção para o coletivo brutal, a feira moderna.

Um jovem, às vezes nem tão jovem assim..