Geração 2000

Uma geração perdida ?… repleta de lindos sonhos em vão ?
Anteontem eu estava no carro, na Estrada do Côco, e tocou no radio uma canção que há alguns anos atrás eu simplesmente adorava, e me bateu uma tristeza de nostalgia utópica, de tempos recentes…Era símbolo de um sonho que eu ansiava ver acontecer, na cena do pop rock nascente na Bahia, e eu me identificava alí, era um som viável de uma nova juventude urbana, que eu pensava ver em ascensão um dia, talvez numa novela, num seriado, no cinema, e me lembrei então que, de tantas possibilidades, a mais provável foi a que mais vingou, que era ( e sempre foi ) de simplesmente não acontecer nada e tudo morrer na praia…
Ora, em vão eu garanto que não foi, já que eu estava ouvindo no rádio, e eu estava chorando, lindamente, interna e externamente, com aquela canção:
Aguarraz , “Bem Mais Leve”…
https://www.youtube.com/watch?v=B0MhQr6iRrY
mas aquele insight me fez refletir o quanto a música do Brasil continua eternamente sendo a pátria absolutíssima do desperdício. Aliás, no mais, tudo por aqui respira e transpira o mais puro desperdício…Pensei, com tristeza e preocupação, na geração de nossos filhos, cercada de todo tipo de facilidades hightech, mas desprovida de oportunidades reais, uma juventude mergulhada num processo complexo de inclusão social e de competições desleais, encontrando um precaríssimo mercado de mão de obra pulverizado, de baixa remuneração e de péssimas contrapartidas a tantos pre requisitos, tantas exigências…O que aconteceu, o que está acontecendo com os nossos filhos, que pegaram, que estão pegando de frente tamanha realidade perversa ? O culto generalizado da ignorância, a boçalização, a rarefação dos meios de comunicação de massa e o pragmatismo utilitário fizeram dessa geração tão interessante uma geração perdida, que já se encaminha célere para os 35, 40 anos de idade sem que eles tenham experimentado uma única onda favorável, se compararmos com os gloriosos anos 50, 60, 70, ou com os generosos anos 80…e isso faz muita diferença…
Faz deles uma galera niilista, melancólica, desapegada, com um pé atrás até mesmo em relação ao proprio brilho…
E pensar que nessa geração tinha – e ainda tem – tanta coisa legal …

(27 de Dezembro de 2015 )